Neste dia 17 de dezembro, as sondas Ebb e Flow (“refluxo e fluxo”, como o das
marés, ou “declínio e crescimento“), da missão Grail (“Gravity Recovery and
Interior Laboratory”, ou “Laboratório Interior e de Recuperação de Gravidade”),
chocaram-se contra a lua. Mas não foi um acidente: este evento já estava sendo
planejado faz tempo.
O objetivo principal da missão Grail era mapear o
campo gravitacional da lua. Para isso, a Nasa lançou em setembro de 2011 as duas
sondas gêmeas. Em primeiro de janeiro, elas entraram em órbita lunar, altamente
sincronizadas a 5.800 km/h.
Enquanto orbitavam a lua, as sondas
monitoravam cuidadosamente a distância entre elas, podendo detectar uma
flutuação de um décimo de mícron ou a metade da espessura de um fio de cabelo.
Estas mudanças de distância entre as duas sondas é causada por alterações no
campo gravitacional local que, por sua vez, é causada pela distribuição desigual
de matéria na superfície lunar. O mapeamento obtido é o mais detalhado mapa de
campo gravitacional e com a melhor qualidade que temos para qualquer corpo
conhecido, incluindo a Terra.
Com este mapa foram feitas várias
descobertas. As duas principais têm a ver com a natureza da crosta lunar,
especificamente que ela é muito mais fina do que se acreditava, e que um par das
grandes bacias de impacto provavelmente escavaram o manto lunar. Outra
descoberta surpreendente, segundo Maria Zuber, principal pesquisadora do
projeto, foi o quanto a crosta lunar estava fraturada por causa de
impactos.
“Mas por que jogar duas sondas na lua para se espatifarem?”,
você pode estar se perguntando. O problema é que o combustível das mesmas estava
no fim. De uma forma ou outra elas estariam perdidas, então a Nasa planejou um
impacto controlado em uma região chamada Sally K. Ride, em homenagem à primeira
astronauta americana mulher (e provavelmente a primeira astronauta GLBT também)
no espaço, falecida este ano por causa de um câncer.
O local de impacto
escolhido é uma montanha de cerca de 2 km de altura, próximo ao polo norte.
Colidindo a 1,7 km/s, os cientistas esperam que as duas sondas façam duas
pequenas crateras de cerca de 3 m de diâmetro e separadas por 20 a 40 km. Uma
das razões para escolher este local foi para criar a maior cratera possível, e
também para evitar locais de pouso históricos, como os locais de pouso das
missão Apolo, embora as chances disto acontecer fossem de 8 em um
milhão.
Os cientistas esperam que a nuvem de gás e poeira lançada pelo
impacto ajude a determinar como a atmosfera lunar, que de tão tênue é chamada de
exosfera, interage com a superfície. Eles também esperam confirmar uma das
descobertas da Apolo, o elemento cálcio no solo lunar.
Assista ao
Vídeo.
Foto e Vídeo:
Reprodução/Reprodução/NASA/Youtube
Fonte: Hypescience com io9, NewScientist
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