Se condenados, responsáveis podem pegar 20 anos de prisão
O americano James Matthew Merrill, um dos fundadores da Telexfree,
foi preso nos Estados Unidos nesta sexta-feira (9). O outro fundador, o
brasileiro Carlos Nataniel Wanzeler, é considerado um fugitivo da
polícia americana.A empresa é acusada de ser uma pirâmide financeira
bilionária, que atraiu mais de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Os
dois empresários são acusados de conspiração para cometer fraude
eletrônica, e podem pegar até 20 anos de prisão se condenados.
Merrill,
de 52 anos, e Wanzeler, de 45, criaram a Telexfree nos Estados Unidos
em 2002. O negócio, porém, ganhou corpo a partir de 2012, quando a
empresa começou a atrair investidores no Brasil com a promessa de
lucrarem com a venda de pacotes de telefonia VoIP e colocação de
anúncios na internet.
Para autoridades braslieiras e
americanas, a venda do serviço tratava-se apenas de uma fachada para uma
pirâmide financeira. A Telexfree, segundo as acusações, sustentava-se
das taxas de adesão pagas pelos investidores, chamados de divulgadores.
Em janeiro, a Telexfree anunciou um patrocínio ao Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio. Como o iG revelou, o clube recebeu ao menos R$ 4 milhões,
quantia superior ao que a empresa faturou com a venda de pacotes VoIP.
Em dezembro de 2013, a empresa havia contratado a dupla Bruno e Marrone
para um concerto num cruzeiro de luxo.
Um porta-voz da
Telexfree informou que a empresa não comentaria pois James Merrill
deixou a presidência da empresa em abril, às vésperas de o grupo entrar
com um pedido de recuperação judicial.
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Merrill e Wanzeler.
Empresários são réus em processo no Brasil
No Brasil, Merrill e Wanzeler são réus numa ação civil
pública em que o Ministério Público do Acre (MP-AC) o acusa, junto com
outros responsáveis da Telexfree, de criar uma pirâmide financeira.
O caso, entretanto, ainda não foi julgado.
No mês passado, a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) determinou o congelamento dos bens do grupo Telexfree, de seus sócios e de três grandes divulgadores.
Segundo a CVM americana, a Telexfree faturou apenas R$ 2,9 milhões com vendas de pactoes VoIP entre agosto de 2012 e março de 2014, ou pouco mais de 1% dos R$ 2,5 bilhões que prometeu pagar aos divulgadores. Nesse período, a empresa vendeu 26,3 mil pacotes VoIP, embora admita ter cerca de 700 mil divulgadores em todo o mundo.
Ao denunciar a Telexfree, a CVM americana a descreveu como uma "máquina de fazer dinheiro" para os donos.
Merrill, dono de um pequeno negócio de limpeza, montou a empresa de VoIP sem nunca ter atuado no ramo das comunicações, e ficou milionário.
Apenas em dezembro de 2013, quando a empresa já era investigada nos EUA, o empresário recebeu R$ 7,3 milhões da Telexfree. Carlos Wanzeler, que trabalhava para Merril na empresa de limpeza, retirou R$ 10,1 milhões no mesmo mês.
Foto: Divulgação/Botafogo/Vitor Silva/SSPress
- iG São Paulo
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